3 de nov. de 2015

MATERIAL DIDÁTICO 16 - PERVERSIDADE E ARTE

PERVERSIDADE E ARTE

A ideia deste texto será analisar artistas que caminharam contra-cultura para expor ao longo dos séculos os "desvios sexuais", instigando a produção de arte seja ela no cinema, nas artes plásticas, na música ou até mesmo na literatura, provocando a percepção do público e assim divulgando, desmistificando ou até mesmo exorcizando grandes tabus da sexualidade.

Iremos percorrer sobe a história de obras e artistas sem uma regra cronológica, mas com a intenção de lançar de informação de grandes nomes da produção artística que se colocaram à frente de qualquer preconceito somente em nome da liberdade de expressão e sexual ou somente de uma sociedade primitiva que documenta seu modo de vida em seu tempo.
Iremos da arte rupestre à idade média, da pop art até a música pop de Madonna, da pornografia transgressora dos clipes de Rammstein até as histórias fantásticas e deliciosos de Marques de Sade.

A excitante poesia na fotografia de Robert Mapplethorp

Conhecido como um grande divulgador da cultura gay BDSM a partir de suas icônicas imagens preto e branco e com alto conteúdo homoerótico, Robert Mapplethorp (1946/1989) foi um dos poucos artistas que tiveram a coragem e o poder de escancarar com tanta doçura a perversidade da sociedade em que viveu.
Da sua infância no Queens, durante sua ascenção e sucesso, até sua morte no fim dos anos 80 sendo vítima da Aids, Mapplethorp foi assíduo frequentador da Factory, estúdio de performance artística de Andy Warhol. Estudou música, artes plásticas, escultura mas não terminou seus estudos. Foi casado durante anos com Patti Smith e anos depois se assumiu publicamente homossexual. Após essa fase, delineou sua vida artística, pois vivia no submundo sexual gay mais perverso e radical. Se sua vida artística e pessoal teve várias mudanças, mas foi na fotografia que ele se afirmou como um nome visionário e perturbador.
Conhecido geralmente por imagens em preto em branco com forte teor sexual e conotação sadomasoquista, começou a se expressar com esculturas e colagens de revistas eróticas. Foi muito influenciado por Warhol e Hockney. 
Foram clicados por ele grandes nomes como o já citado Andy Warhol, Ricardo Gere, Grace Jones, fotografou para revistas de grande circulação do meio da moda como a Vogue mas somente teve uma grande expressão como artista a partir de 1977, com duas exposições, sendo uma delas dedicada a nus masculinos e ícones BDSM, isso em um tempo onde manifestações artísticas com temas homossexuais estava distante do alcance do público e ainda eram um imenso tabu.
Sua obra confundia o espectador, que hora o entendia como um retratista de imagens nada convencionais com celebridades em poses agressivas, casais em pleno coito, homens nus e outra como participante com seus auto retratos com poses sórdidas.
Assim como outros artistas, Mapplethorp propõe chocar por meio de sua produção artística, com imagens chocantes, agressivas ou até mesmo escatológicas em seu tempo, mas abrem a possibilidade de diálogo em prol de um mundo menos preconceituoso e mais aberto à diversidade sexual.


Texto do escravo nº 1 – DOM BARBUDO