7 de set. de 2014

número 060

Às vezes, palavras não traduzem os sentimentos e, dessa vez, pela primeira vez, depois de muitas, estou com dificuldades.
Ele não foi uma experiência, nem uma sessão, esse garoto mudou o trajeto de muita coisa para mim, assim como espero ter mudado para ele.
Tudo começou de forma parecida, como tantas outras histórias e nem EU imaginava que um dia, aconteceria assim desse jeito: tão marcante e especial.
Ele apareceu por aqui, pelo Face, com uma frase simples, do tipo: “sou novato e inexperiente...”. E tudo começou... Isso faz muito tempo e, pelas características dele, não acreditava que um dia, se transformaria em real, por ser de outra cidade e outros fatores.
Eu o conhecia apenas pela webcam e ficamos conversando por muito tempo, até começarmos a imaginar em um dia nos conhecermos.
A vida seguiu e os contatos começaram a ser frequentes, devagarinho, por algumas partes do dia, até chegarmos nas muitas mensagens por dia, toda hora, para falar de tudo, decidir sua roupa, seu horário de banho, sua alimentação, eu já tinha um escravo fixo e não sabia!
Um dia, ele decidiu e eu apoiei: “- Quero te conhecer”, “- VENHA!”
Ele viajou por mais de 12 horas para me encontrar; só por esse ato, já imaginei que algo estava diferente da minha rotina.
Quando fui buscá-lo na rodoviária, nossa, “bateu forte”... ele me olhou de um jeito que poucos tinham me olhado, com desconfiança, com medo, desejo, inocência e algo que fazia muito tempo que não via: determinação e pureza.
-“Senhor, sou assim, quando quero alguma coisa, vou de cabeça até conseguir”. Ali mesmo, eu queria colocá-lo no colo, abraçar, beijar e tocar nele.  O moleque logo me mostrou sua mão e o tremor que não deixava os dedos pararem, poderia ser o frio da madrugada ou o medo do desconhecido.
Ele tem cara de menino, corpo de moleque e cabeça de Homem, aliás, ele é hetero e temos certeza absoluta de que não existem dúvidas sobre sua orientação sexual, o que torna tudo mais especial e casa com questões que sempre esclareço aqui: que as experiências de D/S (Dominação/submissão) nem sempre estão relacionadas ao sexo. O que não deixou de existir nesses dois dias ( e foi um tesãooooo, mas que fez pouca diferença no resultado final... risos, tá bom, é mentira, foi um PUTA  TESÃO transar com esse cara macho, gargalhadas!!) .
Eu olhei dentro dele e vi que ali, tinha um submisso verdadeiramente virgem em mãos e tive todo o cuidado com esse menino, moleque, HOMEM!
Eu o levei para o Studio 57 e ali, comemoramos juntos um final de semana inteiro de experiências, novidades, sensações e certezas.
Fujo da idéia de ter “escravos” no sentido “sado” da mesma, pois não busco relacionamento, compromissos, ... enfim, curto ter experiências e seguir a vida... mas algo aconteceu e com esse, foi diferente, pois a única coisa que importava era: me agradar, me agradar e me agradar... novamente, tive a certeza de que já tinha um escravo em mãos, sem nomeá-lo como tal.
E o mais maravilhoso de tudo: ele não pedia nada, a não ser a minha atenção, em troca, me entregou tudo, como um cão faz com seu DONO. E que ninguém chegue perto desse animal, ele me pertence!
Participamos de eventos sociais e ele foi conduzido ao meu mundo BDSM, saiu do espaço restrito do Studio 57 e sua participação ao meu lado foi marcante, para todos o verem, conhecerem e saberem quem é o submisso 060, que mais tarde ganharia outro título.
No sábado, dia 19/07/2014, participamos da palestra e da festa do Carlos, e, em todos os momentos em que ele pôde, estava agarrado em mim, ou lambendo minhas botas, meus pés, minhas mãos com todo o desejo, dedicação e tesão que vi em poucos submissos até hoje.
Hoje pela manhã (20/07/2014), percebi que tudo estava amarrado, como em sessão de bondage, e não teve outro caminho a não ser trocar seu título de submisso 060, para “escravo 2”.
Foi um final de semana emblemático, marcante e forte, mas ele precisava voltar para a sua vida “normal” e, mais uma vez, fomos até a rodoviária, dessa vez, com água nos olhos e mãos geladas, não mais refletindo expectativas, mas, sim, tristeza.
Nesse momento, ele está no ônibus (viajará mais doze horas), enquanto escrevo essas palavras e releio sua mensagem, que escrevia pelo celular, enquanto me olhava com cara de menino triste pela janela do ônibus “quero ficar, parece que no meu pescoço falta algo”.
Devolvi: “Não precisa de mais nada em seu pescoço, a coleira é um mero acessório, o que importa foi o que vivemos e isso sim ficará para sempre guardado.”
O ônibus se foi, rumo à sua vida hetero, ao seu trabalho hetero e à sua noiva hetero, mas tenho certeza de que voltou mais HOMEM, mais do que poderia, um dia, ter imaginado.
Eu fico por aqui, relembrando a música na qual ele se inspirou até chegar em São Paulo, enquanto criava coragem para se tornar escravo...

“É uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer.
Pode até parecer fraqueza,
Pois que seja fraqueza, então!
A alegria que me dá,
Isso vai sem eu dizer
Se amanhã, não for nada disso,
Caberá só a mim esquecer...
O que eu ganho, o que eu perco,
Ninguém precisa saber."



FOTOS DO MEU escravo 2 POSTADAS ESPECIALMENTE EM COMEMORAÇÃO AO DIA INTERNACIONAL DO BDSM, que foi criado no Reino Unido em 2008 e tem como objetivo apoiar e disseminar a consciência e o apoio às práticas de fetiches e ao encorajamento dos membros dessa comunidade que ainda se mostra de forma tão secreta e restrita!































Um comentário:

  1. O Homem assobiou, fui até ele. Ele apontou pro chão e entendi. Fiquei de quatro. Ele tirou o pau pra fora e eu o servi. "Fica quieto aí até eu voltar". Ele foi para a outra sala. Eu esperei. Quieto. Depois de meia hora ouvi novamente o assobio. Fui de quatro até a outra sala. Lá estava ele com um amigo. Aproximei-me. Ele deu dois tapas na minha cara. Esquerda e direita. O Homem e o amigo tiraram seus paus pra fora. Servi os dois. Levei um chute. "Cai fora, chispa daqui, verme". Voltei para a outra sala. Quieto, esperei. Cão, o melhor amigo do Homem.
    Ele ainda não voltou. Au, au.

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