27 de out. de 2015

Relato - número 160


Sempre senti o desejo de ser dominado por um macho, estar nos pés de um homem ciente de que lá é o meu lugar. Nunca tive coragem ou oportunidade de vivenciar esses meus desejos mais íntimos, pelo contrário, tinha medo e culpa de experimentar o que era mais sombrio e obscuro em meu íntimo. Culpa de uma sociedade tão conservadora e doente que reprime algo que é tão bom e presente na natureza humana como o prazer.

Fazia muito tempo que trabalhava dentro de mim para vencer medos e me perdoar por uma culpa doentia que tinha pelo o que sinto. Eis então que nesse processo conheci esse blog e entrei em contato com o Dom Barbudo. Abri uma porta para enfrentar algo que temia em mim mesmo: meus desejos.

Logo começamos a nos falar, trocar mensagens com tesão e ELE me explicando como seria o processo. Desde do início me havia inspirado confiança e e firmeza em nossas conversas, além lógico de muito tesão! Me imaginei diversas vezes com ele mas nenhuma chegou perto de quão boa foi essa experiência para mim.

Quando menos vi já tínhamos marcado a sessão para depois de dois dias, conversa vai e tesão vem, adiantamos e a realizamos para o dia seguinte. E com uma novidade: teria outro submisso junto de nós. No dia da sessão já tinha notado uma mudança em nossas conversas por whatsapp, o mestre começou a dar ordens. Ordenou como deveria ir vestido, qual a forma de se portar ao entrar no studio e em relação a pontualidade sujeito a ser castigado. Até então estava confiante mas nessa mudança comecei a sentir medi e aquele "frio na barriga", mesmo assim segui adiante.

No caminho para o studio ansiedade e medo. Quando menos vi já estava na porta da masmorra, lá dentro havia o que mais temia e desejava, ao atravessar já era sem volta e estaria disposto a viver aquilo. Segui as ordens do meu dono e me dirigi um capacho vermelho no chão, fui ordenado a ficar de joelho, mãos para trás e cabeça para baixo. De relance vi no canto uma gaiola e o submisso preso lá dentro, mais tarde ele seria liberado mas nem ousei olhar para trás. Logo senti roçar na minha nuca a barba do meu dono.

Em poucos minutos já estava ajoelhado na sua frente e ele me disse algumas palavras de ordem para me introduzir no BDSM e delimitar a sessão. ELE me fez sentir seu cheiro, que é forte e de homem, e me fez que engolisse para dentro tudo aquilo que negava em meu íntimo: que era um submisso, puto e obediente. Isso tomei a seco e cheio de tesão, isso o sub. 53 já liberto só assistia.

Nos beijamos e fiquei em seus braços, sentia-me seguro e protegido pelo meu macho. Após isso preenchi o contrato onde explicitei meus desejos, missão quase impossível enquanto beijava as mãos do meu dono e o sub. 53 lambia a sola de suas botas. Por fim terminei de preencher e assinei o contrato, mas uma garantia que meu mestre me deu que seria tudo consensual.

Depois disso e já encoleirado meu dono me deu algo para provar: seu cuspe. Tinha gosto do meu homem, veio para ajudar o "submisso" que foi dito DELE para mim e tinha engolido a seco. Uma delícia. Em poucos instantes já estava no meu lugar: debruçado no chão enquanto me agarrava em suas botas e as lambia. Ele foi me adestrando, me disse que toda vez que batesse o pé, onde quer que estivesse, deveria lamber as suas botas com o melhor de mim, espero ter aprendido a lição. Me senti humilhado mas feliz porque estava no meu lugar.

Após isso vi uma cena que me deixou assustado mas cheio de tesão, o mestre usou um cinto de castidade no sub. 53 para que sentisse dor ao se excitar. Uma tortura que me deixava com tesão e ao mesmo tempo assustado. Em determinado ponto o mestre pediu para que excitasse o outro submisso lambendo seus pés afim de que provocasse dor nele. Fiz com um sorriso no canto da boca. No fim o sub. 53 agradeceu ao mestre.

Continuando, depois disso fui algemado nas mãos e nos pés. Na minha cabeça pensei: "fudeu"! No meu coração senti medo. Era certo que não queria aquilo, tinha medo de ser imobilizado. Se não bastasse fui vendado, depois disso já me vi no meu enterro. Pânico total! Grande besteira, meu dono me acalmou e disse que se não gostasse iria parar, mal sabia eu que a última coisa que queria após cinco minutos disso era parar!

Foram muitas as sensações, senti a barba do meu macho e do outro sub. roçarem em mim, quase enlouqueci de tesão. Um fato curioso: tinha dito ao meu dono que não sentia tesão em meus mamilos, novamente mal sabia que isso ia mudar. Preso e vendendo ELE e o sub. foram em meus mamilos passando a língua e mordendo ele, se antes quase enlouqueci de prazer agora tinha quase sido internado por causa dele! Que tesão, uma sensação indescritível. Me contorci de prazer. Muito mais ainda foi feito comigo.

Logo após isso o sub. 53 sofreu mais nas mãos do mestre, ELE colocou um consolo no outro sub. Eu já sem a venda assistia tudo. Depois disso o submisso se debruçou em mim por ordem do nosso dono. Nos olhos dele via tesão, dor e gratidão por servir ao nosso mestre.

Seguindo o relato, depois disso o outro submisso foi autorizado a gozar pois tinha que ir embora e eu continuei a sessão sozinho com meu dono. Fui solto e ELE me permitiu que sentisse o cheiro do seu corpo. Tirou a calça e a cueca e me pôs para cheirar, tinha cheiro de homem safado que é meu perfume predileto. Tinha o cheiro do seu saco e pau, perfume que qualquer submisso sente e lembra onde é seu lugar e quem é seu dono. Fiquei um bom tempo só cheirando.
Depois beijei o seu corpo todo e, por fim, fui autorizado a gozar. E gozei bem gostoso. Após isso deitei ao seu lado e meu mestre gozou bem gostoso para mim.

Essa foi a nossa sessão. Intensa para mim e com muita satisfação para todos. Relato isso com o pau duro feito pedra (risos). Tentei relatar tudo aquilo que foi mais marcante, não coloquei tudo pois pretendo deixar um gostinho de curiosidade para quem ainda não sabe o quanto é bom servir esse dom. e ainda quer se aventurar no studio do mestre.


Por fim quero deixar aqui mais uma coisa, destinado principalmente para os que sentem medo de vivenciar seus desejos mais profundos e sombrios como também já senti. Vivenciar o que tive com o Dom Barbudo foi uma forma de encarar e aceitar aquilo que sou, um homem cheio de desejos e muito para dar. É preciso ter coragem para abrir essa porta dos desejos mas é a única forma de vencer o medo, o enfrentando. Se a Dante Alighieri foi recomendado abandonar as esperanças ao entrar no inferno como personagem/autor em seu livro "A Divina Comédia" eu os recomendo o contrário e ainda mais: se encham de esperança em si mesmos e abandone qualquer medo e culpa que tiver. O inferno nada mais é o que todos temos dentro de si e, assim como Dante, precisamos passar por lá para chegarmos ao paraíso, ou seja, para chegar a nossa realização, prazer e paz por sermos aquilo realmente somos. Nossos desejos nos tornam maiores e melhores, mais do que podemos imaginar.





5 comentários:

  1. 160, bem-vindo. Você fala do medo. Percebo dois medos. O primeiro é o medo dos nossos desejos. Temos este medo porque internalizamos os preconceitos e caretices da sociedade onde vivemos.
    E você está no caminho certo para superá-lo.
    O outro, é o medo do nosso Dom. Eu sei que este medo dá um grande tesão em alguns Doms. Isto é bom.
    Mas você vai sentir todo o barato em ser um submisso quando você perder este medo também. Quando a sua entrega tornar-se-á profunda e desavergonhada.
    E você perceberá que não estará mais representando cenas, mas vivendo cenas. As práticas, mesmo as preferidas, não serão um fim em si mesmas, mas antes de tudo, ferramentas para se construir uma relação BDSM de muito tesão, confiança e intimidade. Daí você saberá o que é pau duro. Real e metafórico.
    Um grande abraço do 123.
    Obrigado Dom Barbudo.

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  2. Curioso. Ocorreu-me que este medo, esta vergonha, este conflito que nós submissos passamos para nos assumirmos como tais, não acontece com os dominadores. Pelo menos nunca soube de alguém dizer que em algum momento da vida teve vergonha no seu tesão em dominar. Ou que se sentiu menor no seu sadismo. É isso mesmo?
    Obrigado Dom Barbudo.

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  3. O subspace eu sei que existe. Existe o Domspace?
    Obrigado Dom Barbudo.

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  4. Olá 123, não tenho vergonha mesmo dos meus desejos e fetiches, eles me levam para frente, sempre com muito cuidado e proteção, em relação as minhas escolhas e do outro.
    Boa colocação em relação ao DOMSPACE, posso atestar com total segurança que entro nele com freqüência e confesso que nunca tinha pensado desta forma...

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    1. Obrigado pela resposta Senhor. Eu estou cada vez mais tranquilo com a minha condição de um submisso e desfrutando o prazer em ser assim. Mas é sintomatico que na nossa cultura (muitos depoimentos no seu blog atestam isso) tantos homens submissos tenham sentido dificuldade, OK, vergonha, em assumirem-se como tais. Assim como muitos homens gays também sentiram dificuldade em assumirem-se como gays (isto eu nunca senti).Mas que bom que o Senhor nunca encontrou dificuldade semelhante na sua condição de Dominador.
      Obrigado Dom Barbudo.

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